quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Guerreiro e o Dragão.

   Bom dia, pequeno! Que ventos o trazem? Ah, sim... O café! Como pude me esquecer do café? A memória do teu vô já não é mais como antes... Bom, falando de memórias: não quer ouvir mais um pedacinho da minha pequena historinha? Trago notícias... 

  Boas novas para o menino Joubert! O pai da pequena Lara, o temido Sr. Oliveira, cedeu à ele a oportunidade de tentar convencê-lo à deixar os dois pequenos namorarem. Tudo isso por causa do coração bondoso da Sra. Oliveira, que disse ao seu marido que se ele proibisse o namoro talvez os pequenos decidissem namorar escondido, coisa que nenhum dos dois queriam. 
   Assim, o dia foi marcado: o aniversário da menina Lara. Afinal, não há presente de aniversário maior que o menino amado, correto? 
   Chegado o dia, o pequeno Joubert se arrumou ansioso, mas ainda assim nervoso, para falar com o Sr. Oliveira. Checou a roupa, checou o cabelo, releu a colinha que tinha escrito com tudo aquilo que ia falar e checou os presentes da menina Lara - e torceu para que eles não sobrassem para prêmio de consolação. Depois de revisar tudo, o pequeno e destemido Joubert pegou sua bicicleta e saiu rumo ao seu destino: o castelo do Rei. Sr. Oliveira I! 
   O Sr. Oliveira parecia um mafioso quando ele chegou lá - pelo menos na cabeça do Joubert. Na verdade, ele estava vestindo uma roupa casual, daquelas que se usa no dia à dia e estava sentado atrás de sua escrivaninha. Porém, na cabeça do Joubert, a cena se parecia com aquela primeira cena de O Poderoso Chefão, onde um homem pede ajuda ao seu padrinho, o mafioso Corleone, com direito à gato e tudo.
   O pobre Joubert parecia que havia visto a Dona Morte quando entrou na agência da Sra. Oliveira: tremia, suava frio e não sabia o que dizer. A Sra. Oliveira logo de cara notou o nervosismo do menino e mandou ele entrar para sala, onde a  pequena Lara disfarçava sua ansiedade conversando com uma de suas primas, para que ele descansasse e se preparasse para dar seu "discurso" que havia ensaiado a semana toda. Depois que tomou coragem, o destemido Joubert foi matar seu dragão imaginário e recuperar sua princesa.
   O menino Joubert sentou-se em frente ao Sr. Oliveira. A escrivaninha era a única coisa que os separavam. Os dedos de Joubert quase se quebravam, de tanto que o menino Joubert os apertava. O Sr. Oliveira lia o jornal. O silêncio reinava.
   O silêncio reinou até que o Sr. Oliveira - vulgo dragão imaginário do pobre Joubert - decidiu comentar sobre uma notícia que leu, desenrolando, assim, uma conversa que fugia totalmente do que o menino Joubert queria realmente falar. 
   A Sra. Oliveira, cansada da enrolação de seu marido, decidiu falar. Lembro-me de ela comentando sobre o pequeno Joubert ter vindo tratar sobre outros assuntos, interrompendo seu comentário sobre a notícia e o fazendo falar sobre o assunto tão temido até agora.
  "Então, Joubert...", começou o rei o seu discurso.

   O que você acha que vai acontecer com o menino Joubert, hein? Bom, isso a gente vê depois, porquê agora teu avô vai ler o jornal. Você poderia ir brincar um pouco no quintal, o que acha? Só tente não acordar o Billy, esse velho cachorro já não tem mais o pique de sua juventude.

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