quinta-feira, 28 de junho de 2012

Chá de ciúme e declaração.

    Que banho demorado, não? Só para garantir que ficaria cheiroso, suponho! Sente-se para jantar, meu neto. Se você quiser posso lhe contar um pouco mais da pequena grande historinha de amor. Está bem então! Bom...

     O ciúme é engraçado. Nós precisamos tanto de alguém que queremos que outro alguém seja nosso. Tem pessoas que se desesperam, ficam tristes e deprimidas quando não tem quem amam perto. Apesar de ser ciumenta e dengosa Lara não agia assim. "Amo Joubert. Inegavelmente eu o amo! E por isso ele é meu. Meu amado. Ainda que não queira ser, para mim será! Ainda que outras garotas tentem conquistá-lo - e talvez consigam - Joubert será meu. Ninguém o tirará de mim, nem adianta!" Pode ser desesperado ou ilusório, mas era assim que a garota amava.
     Para você entender melhor, Lara poderia ser daquelas rejeitadas que não admitem a dor ao amar. Ela ligaria para Joubert durante o dia para dizer "te amo!" e chamá-lo por apelidos carinhosos... Mesmo que ele respondesse "Lara?! Você de novo?!" ela não se importaria. Seria uma louca de amor, afinal o amor não é totalmente lúcido, concorda? Lara estaria disposta a viver imitando um sonho, apesar de que viver desfrutando um sonho era de fato o preferível.
     Acontece que havia algumas pedras na sapatilha de Lara: as amigas de Joubert. Como pode perceber, a garota era da mais ciumenta menina. O moço tinha várias "coleguinhas" - como Lara se referia à elas - e isso causava erupções temerosas de ciúmes vindas da alma dela. "Afinal, por que ele tinha que conhecê-las?". Lara acreditava que as outras meninas eram uma ameaça ao seu amor, mas só para ter certeza decidiu perguntar à Joubert.
     Sei que parece aquelas cenas clássicas de filme romântico onde o protagonista se vê em um dilema. A mocinha pergunta com um olhar de cólera "Vai! Escolhe! Ela ou eu?!", e diante disso o mocinho fica paralisado pensando em escolher a que for menos pior, porque mulher é algo complicado. Mulher ciumenta, então...
     "Joubert, você gosta de quem, hein?". Nesse momento o garoto abaixou a cabeça e fitou o chão. Lara podia vê-lo se ajoelhar pegar sua mão direita e declarar seu amor que tanto escondeu, mas na verdade o garoto disse nada. Ele estava pensando no que poderia falar - lembra-se do que eu disse sobre o filme? Os rapazes ficam sem ação nesses momentos. Então, ele disse que amava alguém que havia conhecido na internet. Logo, lá se foi a Lara citar os nomes de todas suas amiguinhas virtuais. "Fulana?", "Não", "Ciclaninha?", "Não", "Beltrana?", "Não"... Lara falou o nome de todas as amigas dele e Joubert negou amá-las...
     Nesse instante os olhos de Lara brilharam. Sentiu borboletas no estômago e uma incrível esperança. Não disse mais nada, pois quem falou foi Joubert: "É a Lara" - Silêncio - "Eu amo você, Lara..." O garoto disse essas palavras como se elas se derramassem lentamente de seus lábios e caíssem na quietude de espanto entre os dois. Soou tão doce e verdadeiro. A certeza do amor estava impressa no som de cada sílaba... Seu rosto parecia estar iluminado. Como se não estivesse escondendo mais nada, como se a sua mais pura verdade, o seu mais íntimo segredo houvesse sido descoberto. "Eu amo você, Lara".



    Joubert foi muito corajoso, você não acha? E sabe de que me lembrei agora, pequeno? Daquele seu filme que tem um personagem medroso... Vamos assistir? Quem chegar por último dá um beijinho no outro!

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